Pedro respondeu: “Tu és o Cristo de Deus”

No Evangelho deste domingo, São Lucas apresenta Jesus em oração (cf. Lc 9, 18-24). Em momentos difíceis, Jesus reza para se manter em perfeita harmonia com a vontade do Pai. Em seguida, Ele conversa com seus discípulos sobre sua origem: “Quem dizem o povo que eu sou?”. “E vós, quem dizeis que eu sou?”.
O texto revela a tensão que há entre a ideia (a esperança) dos homens e a força de Deus, que se revela em Jesus Cristo. Os homens se orientam por uma visão vitoriosa do Messias, interpretando-o como alguém que sempre vence nas batalhas da vida e elimina os inimigos. Deus, ao contrário, manifesta sua presença através da fidelidade humana de Jesus. É somente através desta fidelidade, ao aceitar o sofrimento e a morte, que tem sentido a plenitude da esperança (a ressurreição). Neste contexto Jesus anuncia a sua morte e ressurreição: vai sofrer muito, será rechaçado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, morrerá e ressurgirá no terceiro dia. Sua vida será marcada por um destino trágico, mas glorioso.
Os líderes o rejeitarão porque Ele proclama verdades incômodas em defesa de Deus e dos oprimidos. Mas, ciente de que um “profeta desarmado” acaba inevitavelmente sendo eliminado, Ele decide continuar sua missão sem hesitação ou medo. Está pronto para enfrentar esse passo extremo com absoluta liberdade (“ninguém tira minha vida: eu mesmo a dou”), mas também com um senso misterioso de inevitabilidade (“é necessário”). Trata-se do plano divino de salvação que Ele veio realizar. O Pai o envia ao mundo para que Ele seja plenamente humano como seus irmãos e para inserir o amor divino nos eventos humanos e em sua rígida sequência.
Jesus não recua: enfrenta corajosamente seu fim, pronto para tudo, animado por um amor capaz de superar os horrores da traição, da crueldade e da morte. Assim, embora aparentemente derrotado, Ele triunfará sobre o mal: seu espírito dominará os acontecimentos e produzirá, no centro deles, um ato tão grandioso que apagará, de uma vez por todas, todo o ódio e a indiferença que separavam os homens de Deus e os colocaram em conflito por milênios. Jesus alerta seus apóstolos que o destino deles será igual ao seu. Eles também deverão saber perder, dia após dia, sua vida terrena, entendendo que cada perda nos valores superficiais corresponderá a um ganho nos valores mais profundos e verdadeiros.
Para eles, como para nós, nada do que realmente importa será perdido, mesmo que precise se tornar mais essencial e austero. A cruz não destrói nossa humanidade; pelo contrário, nos prepara para transformá-la completamente na ressurreição, com uma obra constante de salvação que já opera eficazmente desde agora.
Jesus assume em si mesmo o Messias da esperança e o Filho do homem que indica que Deus está no meio de nós para tomar sobre si o sofrimento da humanidade, transfigurando-a a partir de dentro.
Sim, aceitar Jesus não é apenas reconhecê-lo como Messias, mas comprometer-se a segui-lo com fidelidade, mesmo diante do sofrimento e até a morte. Sua vida foi um exemplo de amor e entrega total, e Ele nos convida a trilhar esse caminho com coragem e fé.