Coluna: Baixos Níveis Nutricionais e o Comprometimento do Aprendizado Infantil: Quando Suplementar?

Coluna: Baixos Níveis Nutricionais e o Comprometimento do Aprendizado Infantil: Quando Suplementar?

POR: FÁBIO LAMONICA


A infância é uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano. Durante esse período, o cérebro passa por intensas transformações que impactam diretamente a aprendizagem, o comportamento e o desenvolvimento emocional. Para que todo esse processo ocorra de forma adequada, a criança precisa de uma nutrição equilibrada e rica em nutrientes específicos que sustentam o funcionamento do sistema nervoso central.

Como a Nutrição Afeta o Aprendizado?


O cérebro infantil exige um suprimento constante de nutrientes para a formação de neurotransmissores, mielinização dos neurônios, plasticidade cerebral e maturação cognitiva. Quando a alimentação não fornece os nutrientes necessários, a criança pode apresentar:
• Dificuldade de concentração e memória;
• Desatenção, lentidão no raciocínio;
• Atraso no desenvolvimento da fala e linguagem;
• Cansaço excessivo e apatia;
• Irritabilidade e alterações de humor;
• Baixo desempenho escolar e desmotivação;


Esses sinais muitas vezes são confundidos com preguiça, desinteresse ou até transtornos comportamentais, quando na verdade podem estar relacionados a deficiências nutricionais silenciosas.


Principais Nutrientes Envolvidos no Desenvolvimento Cognitivo


• Ferro: Essencial para oxigenação cerebral e produção de dopamina. Sua deficiência está diretamente ligada à anemia, fadiga e prejuízos cognitivos.
• Zinco: Atua na neurogênese, memória e aprendizado. Baixos níveis afetam a atenção e o crescimento.
• Iodo: Fundamental para a produção dos hormônios tireoidianos, que regulam o desenvolvimento neurológico desde a gestação.
• Ômega-3 (DHA): Garante a fluidez das membranas neuronais e está relacionado à memória, comportamento e funções executivas.
• Vitaminas do complexo B (especialmente B6, B9 e B12): Participam da formação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e acetilcolina.
• Vitamina D: Influencia a função cognitiva e o equilíbrio do sistema imune.
• Proteínas: São blocos estruturais para o crescimento físico e cerebral. Carência pode afetar tanto o corpo quanto o intelecto.
Quando Pensar em Suplementação?
A suplementação não deve ser feita de forma indiscriminada. Ela é indicada em casos específicos, como:
• Confirmação laboratorial de deficiências (ex: anemia, hipovitaminose D, B12 baixa).
• Presença de sintomas clínicos persistentes, como cansaço, dificuldade de aprendizagem, atraso no desenvolvimento ou comportamento agitado/desorganizado.
• Crianças com alimentação seletiva ou restrita (por exemplo, transtornos do espectro autista, alergias alimentares, rejeição frequente de alimentos).
• Crianças com histórico de infecções de repetição, imunidade baixa ou doenças crônicas que prejudicam a absorção de nutrientes (como doenças intestinais, parasitoses, etc).
• Crianças em fase de crescimento acelerado (como o estirão do crescimento), em que a demanda nutricional aumenta.
• Casos de baixo peso ou déficit de estatura, onde pode haver desequilíbrio nutricional ou baixa biodisponibilidade.


Como Fazer a Suplementação de Forma Segura?


A suplementação deve ser orientada por um profissional habilitado, como um nutricionista ou médico. A escolha do suplemento (dose, forma, tempo de uso) deve ser individualizada, baseada em exames, avaliação clínica e hábitos alimentares da criança.
Exemplos comuns de suplementação:
• Ferro quelado ou sulfato ferroso em casos de anemia;
• Zinco em formulações manipuladas ou prontas;
• Suplementos com DHA (derivado do óleo de peixe ou microalgas);
• Multivitamínicos infantis com B12, ácido fólico, vitamina A, D e C;
• Fórmulas proteicas ou hipercalóricas em casos de desnutrição leve ou seletividade alimentar extrema;


Conclusão
Uma boa alimentação é a base para um cérebro saudável e funcional. Porém, quando a alimentação falha — por hábitos, condições clínicas ou dificuldades sociais — a suplementação torna-se uma estratégia terapêutica segura e eficaz. Avaliar precocemente sinais de carência nutricional é essencial para evitar prejuízos futuros na aprendizagem, no comportamento e no desenvolvimento emocional da criança.
Cuidar da nutrição infantil é mais do que alimentar: é investir no potencial cognitivo e emocional de cada criança, permitindo que ela aprenda, cresça e floresça plenamente.
 

Administrativo RPN

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *