Suplementação para Imunidade: aliada ou exagero?

Por: Dr Fábio Lamonica
Em tempos de maior exposição a vírus e bactérias, como o outono-inverno ou em momentos de estresse intenso, cresce a busca por soluções rápidas para “reforçar” o sistema imunológico. Entre elas, a suplementação nutricional aparece como protagonista. Mas afinal, até que ponto esses suplementos realmente ajudam — e quando podem ser desnecessários ou até prejudiciais?
A base da imunidade começa no estilo de vida
Antes de falarmos de cápsulas e comprimidos, é essencial lembrar que o sistema imunológico é multifatorial. Sono de qualidade, alimentação balanceada, prática de atividade física, manejo do estresse e hidratação adequada são pilares fundamentais. Quando esses pontos estão comprometidos, mesmo os melhores suplementos podem não surtir o efeito esperado.
Dito isso, em situações de carência nutricional, baixa exposição solar ou alimentação insuficiente, a suplementação pode ser uma excelente aliada.
Os principais suplementos para imunidade
🔸 Vitamina C (ácido ascórbico)
Um clássico! Com potente ação antioxidante, a vitamina C auxilia na neutralização de radicais livres e na ativação de células de defesa. Apesar de estar presente em frutas como acerola, kiwi e laranja, sua suplementação pode ser indicada em situações de baixa ingestão ou maior demanda imunológica.
Dose comum: 500 mg a 1 g/dia, com orientação profissional.
🔸 Vitamina D
Muito além da saúde óssea, a vitamina D tem papel direto na modulação do sistema imune, ajudando na prevenção de infecções. Como sua principal fonte é a exposição solar, muitas pessoas — especialmente idosos e quem vive em áreas urbanas — apresentam níveis baixos.
Importante: o excesso também pode causar toxicidade, por isso, a dosagem em exame de sangue é essencial antes de suplementar.
Dose recomendada: varia de 1.000 a 4.000 UI/dia, conforme prescrição.
🔸 Zinco
Mineral fundamental para o funcionamento de células de defesa, o zinco também ajuda na cicatrização e na proteção contra vírus e bactérias.
Fontes alimentares incluem carnes, oleaginosas e sementes. Sua suplementação é comum em casos de deficiência ou baixa ingestão.
Atenção: o uso crônico em excesso pode competir com o cobre e gerar desequilíbrios minerais.
🔸 Selênio
Outro mineral com ação antioxidante e papel na produção de anticorpos. Está presente em castanhas-do-pará (1 a 2 unidades já suprem a necessidade diária), mas pode ser suplementado quando a ingestão é insuficiente.
🔸 Próbioticos e prebióticos
Cerca de 70% da imunidade está ligada ao intestino. Manter uma microbiota saudável é essencial, e os probióticos (bactérias benéficas) podem ajudar a reduzir infecções e inflamações intestinais.
Os prebióticos (fibras que alimentam essas bactérias) também são aliados, encontrados em alimentos como banana verde, alho e cebola.
Quem deve suplementar?
A suplementação pode ser indicada para:
✔ Pessoas com alimentação restrita ou desequilibrada
✔ Idosos, gestantes ou lactantes
✔ Indivíduos com doenças crônicas ou imunidade baixa
✔ Pessoas com diagnóstico de deficiência nutricional comprovada
✔ Fases de maior estresse físico ou emocional
Cuidado com o excesso e a automedicação
O uso indiscriminado de suplementos, sem orientação profissional, pode trazer efeitos adversos, como sobrecarga renal, intoxicação e desequilíbrio nutricional. Além disso, muitas promessas de produtos “milagrosos” não têm respaldo científico — por isso, desconfie de soluções vendidas sem prescrição e com linguagem sensacionalista.
Em resumo:
➡ Suplementos não substituem um estilo de vida saudável
➡ Seu uso pode ser benéfico em determinadas fases da vida ou em caso de deficiência
➡ A orientação de um nutricionista ou médico é essencial
➡ A melhor imunidade é construída dia após dia, com bons hábitos e escolhas conscientes.